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quarta-feira, 1 de setembro de 2010




 MEMÓRIAS DE UMA VIDA PASSADA

Alegre, simpática, paciente, sonhadora, foram as qualidades que conseguir atribuir a senhora Guilhermina, foi logo falando de sua vida com jeito especial, solto e envolvente, conseguindo aos poucos me fazer personagem de sua história.

“ Naqueles tempos a vida em Morada Nova era bem diferente da vida de hoje. As ruas tinham aspectos da cidades de faroeste. Existiam poucas casas e também poucos comércios, as ruas não eram asfaltadas e a energia era transmitida pelo gerador.

Na época do verão a poeira tomava conta da cidade, quase não dava para enxergar o telhado das casas. No inverno, meu Deus! Era lama para todo lado! As poucas casas feitas na rua da feirinha eram construídas em palafitas (casas feitas em cima de armações de madeira). Hoje as moradias não são tão rusticas, são bem mais bonitas e detalhadas.

Na rua do Murumuru ficava o posto de saúde. Tinha bares por todos os lugares, a delegacia infelizmente não mudou quase nada. Existiam também três ônibus e dois táxis que ajudavam a comunidade se deslocar para outros lugares.

A escola Pedro Peres ficava na avenida principal e era a única escola do bairro. Enfrentamos muitas dificuldades, principalmente com a energia.

Eu me lembro que no período da noite, se não tivesse óleo para abastecer o motor, não tinha aula. Havia um sinal que o motor seria desligado. A luz piscava três vezes, a primeira piscada era um sinal de alerta, a segunda era um sinal para os alunos concluírem suas atividades. Na ultima piscada alunos e professores tinham que se retirar da escola. Após 15 minutos a luz era desligada, dependendo da necessidade a escola trabalhava a lux de velas.

Uma coisa que mudou muito também foram as brincadeiras das crianças. Antigamente nós brincávamos de bandeirinha, casinha, pega-pega, salve latinha, jogo cemitério. Hoje as crianças preferem os jogos eletrônicos e a internet.

Eu me lembro também que na minha infância tinha o sonho de ser militar do exercito. Meu pai era da Marinha, todos os dias o via saindo para o trabalho e ficava imaginando como seria legal essa profissão. Mas a profissão de militar não era permitida para mulheres e meu sonho não pude realizar. Tempos depois as mulheres começaram a serem aceitas, mas a minha idade estava avançada para ingressar nesta profissão.

Hoje as mulheres conquistaram um espaço muito grande no mercado de trabalho e já exercem as mesmas profissões que os homens, desde as simples as mais complexas, vencendo dificuldades e preconceitos, tornando-se exemplo de superação”.

Quando me recordo das palavras da senhora Guilhermina, não consigo deixar de me projetar na sua memória, é como se eu desenhasse cada segundo de suas histórias em meus pensamentos voltando ao passado como se vivesse no presente.
(texto escrito por Thayrine Silva Matos
  7ª série E
com base no depoimento da
Srª Guilhermina Assunção de Melo
52 anos).

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